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É o momento de fechar a segunda
temporada de Bem-vindos a mais um
episódio de do Manuel Cardoso. Esta
segunda temporada começou em janeiro. O
rapaz esteve aqui valente todos os dias
e vai agora descansar. Tiveste dias
muito complicados com poucas horas de
sono. Tudo mas o pronto, o povo não me
deixa ir embora, mas eu vou ter que
desertar. Sim, sim. Tem que ser o dro e
ir embora. Não te espanta ao nível de
revolta popular que está a acontecer
esta manhã com os espanta. Espanto
porque é isso que que Ricardo estava a
dizer é as pessoas estão ao mesmo tempo
a dizer que que gostam do do programa e
a chamar-me preguiçoso e a dizer isso
que tu fazes com o que quero ouvir.
Não me interessa que estejas cansado.
Trabalho. Homem é que tu habituaste as
pessoas à tua rubrica e agora as pessoas
vão sentir nuas. É verdade, não é
verdade. Posso dizer que o Manela é uma
pessoa muito querida do público
português. Portug expressão do povo
português. Ora bom, vamos então muito
queridas, muito queridas. Era o nome de
uma coisa mas fica o compromisso de que
depois das férias o o Marel vai voltar,
não é? Só são férias também merece.
Aliás, vamos divorçar-nos sobre isso.
Até podia voltar antes do resto da
equipa. Pensa nisso. Sim. Olha, segunda.
Nem pensar nunca na vida. Esquece. Não
quero ouvir mais um podcast jingle.
Sinto ódio. Bem-vindo a mais um episódio
de Bem-vindo a mais um episódio de Circo
de Férias, um podcast sobre a época
estival. Escândalo. Portugueses forçados
a sair do país. Emigram por causa das
oportunidades de trabalho. Não, não. Por
causa das oportunidades de lazer. Cada
vez mais portugueses fazem férias no
estrangeiro. E é uma chatis porque os
emigrantes vêm visitar em agosto e os
que trabalham cá põem-se a andar em
agosto. Nunca estamos todos juntos. É
desagradável. E os portugueses têm
marcado férias para onde, Manuel?
Ricardo, os portugueses estão a trocar o
Algarve pelas Caraíbas por causa do
preço. Segundo os operadores turísticos,
umas férias num hotel de cinco estrelas
em Punta Cana custam o mesmo do que uma
semana numa casa em armação de pera.
Isso é bastante inusitado. Neste
momento, Nuno, passar férias em BIM é
mais extravagante do que ir para as
Bahamas. OK? Hoje em dia, só quem anda
de Porsche vai a Porches. É, é mais
barato ir para Cuba do que para sul da
vila de Cuba. E esta esta perda de de
turistas portugueses é um fenómeno
exclusivo do Algarve. Manel, eu acho que
é uma tendência que se vai vai que vai
alastrar. Por exemplo, ir para a Madeira
também é caríssimo. Ir para o México em
breve vai ficar mais em conta do que ir
para o Machico. Agora o que é que segue?
Seimbra, por exemplo, André Penim, por
favor, oferece-nos casa, porque em
princípio um hotel na Califórnia já é
mais barato do que um hotel na praia da
Califórnia. Olha, e quais são as
consequências da fuga dos turistas
portugueses do Algarve? Tudo isto tem
efeitos perniciosos. Quer dizer, há há
homens de meia idade que só queriam
tirar uma quinzena de férias no Algarve
para poderem desfrutar de um simples
prazer. Qual simples prazer, Manuel? Dar
um longo passeio de fim de tarde à
Beiramar, de óculos escuros, enquanto
miram nádgas voluptuosas. E este ano,
para levarem a cabo um projeto tão
elementar e genuíno, vão ser obrigados a
viajar 7.000 km para as Caraíbas. Isto é
injusto. Tem algum jeito terem de ir
para barbados para serem rebarbados?
Realmente é um é um desvio muito grande.
Se calhar se calhar os portugueses do
século XV e X só navegaram pelos sete
mares porque já sabiam que o Algarve ia
ficar caro. Por alguma razão, o infante
do Henrique planeou a expansão marítima
a partir de Sagres porque olhou para os
preços dos Airbnbs em Vila do Bispo e
disse: "Isto agora para fazer praia só
em Goa V gama faz a SSR que vais para a
Índia". Percebem? Não foi pelas
pessarias, foi pelos resortes. Portanto,
agora eh, ao Algarve se vão os ricos. É
isso? Acho que sim. Acho que sim. E
atenção, eu julgo que isto está
relacionado com uma coisa que é a
contínua inversão dos significantes de
estatuto social. Hum. Explica. Neste
momento, ir para o Algarve é luxo, mas
ir para o Algarve já foi um tipo de
férias da classe média, sendo que antes
de ser um tipo de férias da classe média
era luxo. Os ricos começaram a ir para o
Algarve, depois a classe média começou a
ir para o Algarve. Os ricos não gostaram
que a classe média lá estivesse e foram
para as Caribas. Depois a classe média
começou a ir para as caraíbas e os
ricos, ah, é, então vou voltar para o
algar. Está sempre a mudar. É isso. É, é
como os implantes de cabelo. Os ricos
faziam implantes e a classe média
assumia a careca. Os implantes começaram
a ficar mais acessíveis. A classe média
começou a fazê-los. O que é que os ricos
fizeram? Começaram a assumir a careca.
Mesma coisa com a roupa. Ah, com as
marcas de luxo. Exato. Os ricos usavam
Gucci e as classes mais baixas usavam
básicos, não é? Sem estampagens. Por
causa dos rappers, as classes mais
baixas começaram a usar Gucci. O que é
que os ricos fizeram? Começaram a usar
básic básicos sem estampagens. A mesma
coisa com os nomes, com os nomes
considerados Betos, não é? Exato. Os
ricos chamavam aos filhos Martim e o
povo chamava aos filhos Joaquim.
Começaram a nascer rapazes chamados
Martim nos subúrbios, pelo que os ricos
passaram a chamar aos filhos Joaquim. Os
Bet agora têm imensos filhos de Joaquim.
Porquê? Porque passou a haver mães de
Martins em mãe Martins. Bravo.
Excelente. Tudo isto é um fascinante
exercício de semiótica, Manuel. Mas
voltando ao turismo, eh eh e quem não
quer pagar um rim para ir para o
Algarve, mas não pretende ir para as
Caraíbas? Malta, temos de ser, temos de
ser sérios. Se os preços do Algarve nos
afastam, quer dizer, do Algarve, afastam
os portugueses do Algarve, os
portugueses têm que tomar medidas. Mas
por amor de Deus, diz-nos quais medidas.
E é assim, é pronto, o Algarve é
deslumbrante. É deslumbrante, mas muita
gente só vai ao Algarve porque a água é
mais quentinha. Isto é factual. É
factual. Meus amigos, nós temos 500 km
de costa em Portugal continental para
além do Algarve. Está na altura de nos
deixarmos de birras. Temos temos de nos
entregar com amor às praias com água
fria. Andam os influencers a gastar
milhares de euros em banheiras de banhos
frios. Quando grande parte do mar que
nos banha é uma covete de gelo. E e é
esse o apel que queres deixar para este
verão. Amem as praias de água gelada.
Exatamente, Ricardo. Deixem-se de fitas.
Apanhem frio no guincho, arrepiem-se na
rifana, congelem na apúlia, tremam na
foelho, enrijeçam-se em afife,
enregelem-se em moledo e iriem-se na
ericeira. Bravo, bravo. Nem pensar no
quem é na vida. Eu tenho aqui uma obção.
Mais um podcast porque tenho sim senhor.
Porque este charlatão ainda no outro dia
amava o ameno e hoje ama o gelado.
Afinal que ficamos. Repara, eu amo o
ameno e amar o gelado faz parte de amar
o ameno, porque o gelado ameniza o calor
que está cá fora. Eu acho que tu acabas
por amar todas as temperaturas, pá. Isto
é uma rubrica diária. Eu tenho que
diversificar o amor. Acho que ele, achas
que ele é uma galdéria de temperatura?
Sim,
sim. Eu faço adulterio de convicções
constantemente.
9:22. Bom dia,
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