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Bem-vindo a mais um episódio de
Bem-vindo a mais um episódio de Decoro,
Etiqueta e Protocolo, um podcast sobre
regras de convivência social. E ontem na
feira do livro, o presidente da
República, Marcelo Rebelo de Sousa,
infringiu todos os códigos de boa
conduta ao pôr a mão na nuca de uma
cidadã. Ricardo Pereira já abordou este
assunto, mas eu não podia deixar de me
debruçar sobre isto, uma vez que sou
especialista na matéria. Espa tu és
especialista em etiqueta, Manuela? Não,
sou especialista em mãos na nuca. É daí
que vem manucas.
Bom, tudo aquilo, tudo aquilo foi
estranho, não é? A cidadão está, a
cidadã estava a falar e o presidente
pegou-lhe na parte de trás do pescoço,
não é? No fundo, Marcelo Rebel Sousa tem
um entendimento peculiar da liberdade de
expressão. A lógica do presidente foi:
"A senhora foi livre para declarar o
cachaço, agora eu sou livre de lhe
agarrar o cachaço." Mais ou menos isso.
É possível. É possível. E uma vez que
estamos em fim de mandato, achas que
isto pode afetar o legado de Marcelo
Rebel de Sousa? Certamente, Nuno. A
postura dos chefes de estado é que
define como a história os recordará.
Benito Mussolini é conhecido como o
Dutché. Marcelo Rebel de Sousa vai ficar
conhecido como Caldch. Olha, mas calma,
calma, também não se pode dizer que
tenha ocorrido uma agressão. É verdade,
Marcelo não agrediu, mas notem, isto é o
mais próximo de porrada que há na feira
do livro. Pronto. OK. Uma vez vi dois
intelectuais a discutir qual era o
melhor romance norte-americano do
período pós-guerra. Um jurava que era o
Katherine the Ry de JD Sallinger. E o
outro não admitia outra resposta que não
fosse o on the Road de Jack Kwak. Foi,
foi um debate inflamado, mas não houve
mesmo contacto físico. Só arremessaram a
boina um ao outro com toda a pujança.
Muito grave. Mas sim, o comportamento de
Marcelo é mais do âmbito da desadequação
social. Marcelo Rebel de Sousa
enquadra-se numa categoria que eu
inventei chamada irriti. Irriti. Irriti.
Atenção à à definição. Irriti. Individo
reflexivamente rude, invasivo e
táctilmente inconveniente. É ele é um
conceito comportamental que define
pessoas que não se apercebem que estão a
ser desadequadas por causa da forma como
em situações sociais tocam nos outros.
Marcelo Rebel Sousa é irriti e todos
conhecemos pessoas Iriti. Eu estou agora
muito focado nisto. Ó Marel, a categoria
Riti tem subcategorias, várias
subcategorias. Ontem, por exemplo,
Marcelo foi irriti segurança do
shopping, não é? Porque é daquelas
pessoas agarrou na cidadã como se ela
tivesse acabado de roubar uma vela da
Zara Home, não é? Porque aquilo não é
prender, não é deter, mas é reter. É,
não vais a lado nenhum. A questão é o
presidente Marcelo preenche os critérios
para mais subcategorias de irrit. Já
viram, por exemplo, Marcelo a
cumprimentar pessoas. Marcelo também é
irriti alicato humano, que é um homem
que faz questão de apertar a mão com
força desmedida, não é? Estão a ver
esses indivíduos que esmagam os dedos?
OK, calma, dominante. Já percebi que és
administrador do teu condomínio e que
tiveste uma figura paternal. Isso é
irrit ali a esmagar. Pronto, já
entendemos que eras o primeiro a ser
escolhido para jogar à bola educação
física e que de vez em quando berras com
empregados. Mas não precisas de fingir
que a tua palma da mão é uma prensa
hidráulica, não é? Este é o irriti
alicato humano que contpõe com outro
irrite. Contrapõe com qual irriti?
Contrapõe com um irriti ainda mais
irritei, que é o irriti mão de sulflé. O
irriti mão de soflé. Sim. Um homem que
apresenta um aperto de mão mole,
flácido, tíbio, laço. É uma mão de
cefalópode. Parece que estás a
cumprimentar um tentáculo de pota. É uma
mão murcha, uma mão que só faz sentido
apresentar, se foses um adolescente num
casamento, a cumprimentar o noivo que é
um primo afastado, não é? Aquele, aquela
mão que não passou pela puberdade.
Manel, tens mais irritis. Mais irritamos
todos. Outro irrit, o homem tia, não é?
O homem tia é um homem que cumprimenta
mulheres com quem não tem qualquer
confiança, como a tia Odet cumprimenta
os seus sobrinhos no almoço de Páscoa,
ou seja, encostam a totalidade dos seus
úmidos lábios na bocheixa, desferindo um
repenicado e ruidoso beijo, em vez de
respeitar o canon educado, de engostar
meiramente a cara e de simular o som do
ósculo. Este é o crime do homem tia,
bastante invasivo, revela outros
irritis, mais irritis. O irritis Jorge
Jesus, uma pessoa que só consegue falar
com outras. Se mantiver o braço apoiado
por cima do pescoço do interlocutor,
tocando-lhe no ombro. Malta que só
consegue interagir se tiver a fazer um
mini mata leão ou amigo. São uma espécie
de penduricários. Ah, bem. Chama-se Rita
e Jorge Jesus porque as pessoas ficam a
parecer o Jorge Jesus antes de uma
substituição, não é? A dar indicações a
um jogador que tensiona a adaptar a
lateral esquerdo. Outro irrit, o
irritante do PS numa arroada. Desculpa,
passa a explicar. Indevidos que só
conseguem falar connosco se nos se nos
agarrarem nas duas mãos. sacudindo-as
ritmicamente, como se nos estivessem a
pedir urgência na resolução do problema
dos tempos de espera do centro de saúde
sete rios. Não é? É, é o irrit militante
do PS numarroada. Falta só o irrite dos
irritis. Manel, qual é que é o irriti de
todos os irritis, Vasco? O irriti dos
irritis é o
irritif, não é? O irritab é uma pessoa
que para manter a atenção face ao que
está a contar vai pontuando a sua
conversa com pequenas chapadas costas da
mão que agride o interlocutor no ombro,
no braço ou no peito. Clássico.
Clássico. Estão a ver aquela malta que
conta histórias assim? Então pá, já
viste aquele vídeo, pá, da turista que
encontrou um passeio em Lisboa que tinha
um péis desenhado em calçada portuguesa
e sempre sempre dá tab é muito
desagradável e não conseguem ligar as
orações se não for através de
microofensas à integridade física. É um
escândalo. Não sei o que se passa com o
ensino português, mas neste país há mais
pessoas a saber usar esta lambada
gramatical do que o ponto e vírgula. Há
muita gente faz isto. Este
diagnóstico, este diagnóstico fazia
falta. Sim, sim, sim, sim. E é mais uma
prova de que os ouvintes da Rádio
Comercial têm aqui, portanto, o assunto
que obviamente domina a atualidade. Eh,
Marcel Rebel de Sousa na feira do livro
tem uma primeira abordagem do de um
ponto de vista, tem agora uma segunda
abordagem de um outro ponto de vista. e
pagam o mesmo pelo mesmo preço pelo
mesmo preço. E tem também uma outra
abordagem do antigo árbitro Pedro
Henriques para ouvir já a seguir. You
know I want
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